Acho que perdi a noção do que sou,
Mas em medo me caracterizo
Num prefácio sem fim.
Prolongada introdução sem juízo.
Formatei-me numa só vontade:
Amontoar o mundo num dilema
Ao colorir o meu orgulho ferido
Numa palavra órfã de poema.
Sou uma repetição entristecida.
Uma espera de corrida desvairada
Sem ter destino e hora de retorno.
Uma passagem gasta e consumada.
Sou o inútil que perdeu a temperança.
Fiquei apenas com o corpo que envelhece
E com o espírito do criador enraivecido.
Sou fruta estranha que apodrece.